“Agora não posso tratar da compra dessa clínica, pois estou tendo problemas com meu sócio atual. Estou tão irritado que até o tirei do meu WhatsApp” me falou um médico que conversava comigo sobre oportunidades de crescimento através de compra de clínicas.
Por que será que se chega a uma situação dessas em que nem por mensagens escritas esses sócios conseguem conversar?
Essa situação é muito mais comum do que se pensa – na hora da abertura de um negócio, todos estão entusiasmados, vão dar duro para fazê-lo crescer e prosperar, vão enfrentar juntos as dificuldades tão conhecidas, como fazer frente aos impostos, contratar as pessoas certas para a administração – recepção e todos os cargos mais – credenciarem-se em convênios e tantas outras atividades.
Porém, quando o negócio começa a navegar mais autonomamente, os sócios eventualmente acabam descobrindo novos interesses e o cuidado com a gestão já está mais frouxo, os problemas começam a surgir e cada vez com mais intensidade se não forem resolvidos logo e de maneira sólida.
É o começo das desavenças.
Como se prevenir para que esse tipo de situação não ocorra?
Estabelecer regras de convívio entre os sócios é a recomendação. Para quem está começando ou para quem já convive com a sociedade, sempre é tempo de estabelecê-las.
Mas, quais são essas regras? Elas abrangem diversos aspectos e podem ser feitas de acordo com as vontades dos sócios. Cada sociedade tem seu DNA e, portanto, preferirá alguns tipos de solução. Os temas são sempre os mesmos, mas as soluções podem variar.
Exemplos de regras a serem pensadas, discutidas e definidas:
- Quais decisões operacionais poderão ser tomadas por quem?
- Compra de equipamentos
- Credenciamento em convênios
- Admissão e demissão de funcionários
- Abertura de filiais ou outros negócios pela sociedade
- Obtenção de empréstimos e/ou financiamentos
- Aplicações financeiras ou não
- Investimentos
- Como funciona entrada e saída de sócios?
- Quais requisitos serão solicitados para quem quer entrar? (curso no exterior, experiência prática no exterior, residência, especialização, técnicas específicas)
- Parentes dos sócios podem entrar: filhos, irmãos, cunhados, sobrinhos. Seguem os critérios para outros sócios, conforme item anterior?
- Valoração das quotas para entrada ou saída de algum sócio
- Como proceder com as quotas de sócios que falecem ou ficam inválidos? Os familiares se tornam sócios ou suas quotas são compradas, por exemplo?
Esses foram alguns exemplos apenas. Existem muitos assuntos que podem ser objeto de combinações que facilitem a resolução dos problemas que surgirão.
Planejar e pensar em momento de tranquilidade é bem mais fácil e melhor do que ter que resolver as coisas no calor das emoções.
Façam sua lição de casa: conversem com seus sócios e estabeleçam uma forma agradável, transparente e positiva de conviver! Certamente as dificuldades que virão serão enfrentadas com mais lucidez e de maneira construtiva para todos!
Jeanete Herzberg
7 de agosto de 2025
